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Melquisedeque e a universalidade da graça

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013 Postado por Lindiberg Mustang
A qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Hebreus 6.19-20

O escritor aos hebreus inicia o capitulo sete nos colocando diante de dois fenômenos a qual faz parte da mesma realidade em Cristo. O primeiro, ganha visibilidade histórica, linear, genealógica, mensurável, com nomes, geografias e realidades palpáveis e tangíveis; que é o testemunho de fé que Deus deu a Abraão. O segundo, temos a manifestação da mesma fé, só que numa dimensão espiritual, sem genealogia, sem geografia, sem princípio de dias e fim de existência, em um personagem chamado Melquisedeque, o qual é citado apenas duas vezes no Antigo Testamento. Nesta discursão, o autor mostra que o sacerdócio levítico, muito conhecido aos leitores judeus, foi substituído por uma nova ordem de sacerdotes, que foram prefigurados e caracterizados por Melquisedeque. Enfim, duas ordens nos são apresentada, e uma não anula a outra, pelo contrário, se complementam. A primeira é uma ordem histórica, que nasce em Abraão e de forma linear passa por seus descendentes até chegar a Davi, dando um salto histórico culminando em Jesus. E é por causa dessa ordem mensurável que podemos entender e sistematizar a nossa fé.

Se por um lado Jesus é Rei genealogicamente segundo a linhagem de Judá, que tem seu princípio em Abraão, por outro lado ele não herda seu sacerdócio da linhagem de Levi – e nem poderia[1]. Jesus é sacerdote sobre a ordem de Melquisedeque (rei de justiça). Um ser misterioso, que não se explica, que não tem introduções, e que o pai da fé o reconhece, sem titubeio, como sacerdote do Deus Altíssimo. Em Melquisedeque temos uma fé transcendente, inenarrável, não-histórica, pois, “sem pai, sem mãe, sem genealogia, é feito semelhante o Filho de Deus”. Entenda bem caro leitor, se Jesus fosse sacerdote segundo uma ordem histórica, só haveria salvação nos limites e nas dimensões históricas mensuráveis. É por causa da ordem de Melquisedeque, que é mistério total, que não há no sacerdócio de Cristo confinamento geográfico, histórico, político e nem religiosos.

É por causa de Melquisedeque que a fé de Abraão deixa de ser uma fé étnica e genealógica para ser uma fé transcendente. A fé de Abraão é uma fé que se curva diante do mistério de Melquisedeque. Sendo assim, vemos o Reino de Deus ser invadido por pessoas improváveis, que não eram da linhagem de Abraão, como a prostituta Raabe, como Naamã, o sírio, como o arrogante Nabucodonosor, ou mesmo Ciro, a quem Deus chama de meu ungido.

O convite da graça e seu escândalo universal
O interessante é que observamos essa evolução não só no Antigo Testamento, mas a vemos também no Novo Testamento. O primeiro texto produzido sobre a vida de Jesus foi o evangelho de Marcos, que termina seu documento extremamente fechado e abrupto. Marcos conclui com as palavras de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer e não for batizado será condenado” (Mc 16:15-16). Pronto. Jesus é sucinto e limitado, deixando a entender certo tipo de exclusivismo sem nenhuma explicação sobejante.

Partindo para o evangelho de Mateus, que pega Marcos como esboço, incorporando os ensinos e uma quantidade enorme de parábolas de Jesus, notamos que ele não termina o seu texto com a mesma dramatização de Marcos. Mateus não carrega o peso da repetição judaica e termina o seu documento com as seguintes palavras: “Ide, portando, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:29-20). Portanto, diferente de Marcos, Mateus termina abrindo para novas perspectivas, quebrando as limitações. A questão aqui já não é mais “batizar ou não batizar” e a salvação não entra em jogo. Agora é ensinar, para que se tornem discípulos; e isso tem a ver com formação de consciência e educação. Seguindo para o evangelho de Lucas, que é anterior ao de João, percebemos que ele fica extremamente mais universal já no seu início, pois Marcos não nos apresenta uma genealogia e Mateus expõe uma de Abraão até Jesus – ainda limitada -, mas Lucas exibe uma genealogia partindo de Jesus e fazendo uma viagem até Adão, universalizando a perspectiva de tudo que ele irá nos dizer.

Lucas, não se esqueçam, foi o historiador de Paulo. Logo, o seu texto é carregado sistematicamente dos entendimentos espirituais que Paulo adquiriu e que Lucas absorveu. E isso não era uma invenção teológica mas fatos, pois Lucas faz questão de dizer que fez “acurada investigação desde a sua origem para vos oferecer tudo com exatidão” (Lc 1:3). Uma das frases mais lindas contidas em seu evangelho é quando se refere a Jesus como “um amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7:34). No entanto, em Lucas, a universalidade da graça atinge sua perfeição quando narra que: “muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão lugares à mesa no Reino de Deus, com Abraão, Isaque e Jacó, mas vós”, os que se acham dignos e praticantes da verdadeira religião, “serão lançados fora” (Lc13:27-29). Quando Jesus fala desse povo, que tomarão lugares à mesa, fala de pessoas antes de Abraão, Isaque e Jacó, pois o texto é atemporal, e quebra qualquer barreira étnica.

Podemos ver a partir daí a revelação sofrendo algum tipo de progressão. Sim, até a revelação passa por um tipo de progressividade. Só assim a mente humana é capaz de aprender. Isso era Deus nos dando o que é possível compreender àquela época e também nos dias de hoje. Por isso João já não perde tempo com uma genealogia. Ele já chega assumindo a soberania do Verbo colocando-o antes e acima de tudo: de Abraão, de Adão, e até mesmo antes da primeira onda eletromagnética. É em João que Jesus é apresentado com as categorias universalmente melquesedequianas: sem princípio de dias e fim de existência, porque “no princípio era o Verbo, e o Verbo era Deus”. E ainda no primeiro capitulo se diz que Jesus “era a verdadeira luz, que vindo ao mundo ilumina todo homem”. Ora, isso está acima de qualquer possibilidade humana, de qualquer condicionamento missionário ou institucional. E quando diz “todo homem”, mais uma vez refere-se às pessoas, mesmo aquelas que viveram antes de Abraão, pois, Deus não começou a ser o Deus da graça depois de Davi ou somente depois do Jesus histórico. Ele é o Deus da graça desde sempre, e sua misericórdia sempre se aplicou a todos os homens e em todas as épocas. Ninguém jamais foi salvo a não ser pela graça. A crucificação, que aconteceu depois de Abraaão e antes de nossos tempos, é apenas um símbolo, uma maquete, um presépio que manifestou na História a Cruz eterna, que teve início antes de qualquer História. O Cordeiro foi imolado antes dos tempos eternos; ou seja, "antes da fundação do mundo" já havia Cruz (1Pe 1.18-20).

O apóstolo João, em sua evolução na revelação divina expressa em sua primeira carta resumindo a coisa toda em um elemento muito simples: “quem ama conhece a Deus” (1João 4.7). Ou seja, não diz que só os que conhecem a Deus amam – é comum vermos ajuntamentos de gente que diz que conhece a Deus e não amam. O caminho que João faz é inverso; aquele que ama já tem o Espírito sendo germinado dentro de si.

E na medida em que a progressão da revelação caminha, as coisas vão ficando mais claras, e começamos a perceber que o Novo Testamento começa a mergulhar na transcendência da ordem de Melquisedeque. As declarações vão ficando cada vez mais intensas e universais, como aquela de Pedro na casa de Cornélio: “Bem sei que Deus não faz acepção de pessoas, pelo contrário, todo homem que o tema, em qualquer lugar da terra, o é aceitável” (At 10.34-35). E Paulo, em Romanos 2, complementa essa ideia dizendo que muitos que não ouviram o Evangelho tem o conhecimento da natureza de Deus e “procedem, por natureza, de conformidade com a lei, mostrando assim, a norma da lei gravada em seu coração”. Ora, é óbvio que essa é a deliberação da Luz que ilumina todos os homens. Escrevendo a Tito, Paulo diz que a graça vem ao mundo impetuosamente elegante, “trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2:11). E apesar de todos nós estarmos debaixo do pecado, o sacrifício de Cristo não se reduz a algo tão ridículo que possa ser limitado a atingir somente aqueles que tiveram contato com uma religião ou até mesmo a Bíblia; ao contrário, ele é a “propiciação para os nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo 2.2). O alvo da graça é o mundo inteiro. E não me entenda mal, isso não quer dizer que todos serão salvos. De forma alguma. Isso quer dizer que o Evangelho não está preso aos pilares institucionais ou a alguma carteirinha de membro de clube religioso. À sombra do manto de Melquisedeque, a universalidade da graça não tem fronteiras.

A Luz que ilumina todos os homens no Antigo Testamento
O maior escândalo de todos é que a universalização da graça não começou aparecer somente no Novo Testamento. O Antigo Testamento, apesar de desempenhar outras categorias, nos apresenta considerações belíssimas. Embora Israel seja o povo eleito, todas as nações são abraçadas pelo amor de Deus e tem a possibilidade de sentir o seu amor, porque “por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo” (Sl 19:4). É bem verdade que Israel foi inundado pela  revelação de Deus de forma mais perfeita que os outros povos antigos – Israel é o povo eleito –, mas nem por isso os israelitas é o povo mais queridinho de Deus. Ao contrário, Deus acaba com a arrogância de Israel, mostrando que sua exclusividade é apenas relativa, com declarações veementes pela boca de seus profetas: “Vocês, israelitas, não são pra mim melhores que os etíopes”; e completa esfregando na cara atrevida de Israel que eles não foram os únicos privilegiados com um êxodo patrocinado pelo Senhor: “Eu tirei Israel do Egito, os filisteus de Caftor e os arameus de Quir” (Am 9.7). Portanto, a revelação divina é emanada e reconhecida graciosamente no mundo todo. E é por isso que Deus nos revela poeticamente que “desde o nascente do sol até o poente, é grande meu nome entre as nações; e em todo lugar é queimado incenso e trazido ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações" (Ml 1.11). Se essa afirmação não estivesse na Bíblia, seria grosseiramente herética, um insulto à sensibilidade do religioso dogmático que sempre encontra na letra o gatilho para atirar no inferno todos aqueles que não comungam de sua "visão". Isso mostra que o pedigree de Abraão nunca foi uma garantia de uma aceitação divina. “Em todo lugar é trazido ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações”. O mundo todo pertence ao Senhor, em qualquer época e em qualquer lugar.

Essa declaração encontrada em Malaquias nos faz lembrar do episódio em que o apóstolo Paulo prega em Atenas no Areópago, a respeito do "Deus desconhecido". O altar levantado ao Deus desconhecido não era um conceito abstrato para os gregos. Tinha haver com uma história. Aproximadamente 600 a. C., a região de Atenas tinha sido alvo de uma grande praga que ceifando centenas de vidas todos os dias; as oferendas e sacrifícios tinham sido dedicados a todos os deuses conhecidos, mas nada acontecia. Em meio ao desespero de se verem abandonado por todos os deuses, o povo decide sacrificar a algum Deus que talvez eles não conhecessem. Então um altar foi levantado ao "Deus desconhecido", e para espanto de todos a praga cessou. Paulo, portanto, depara-se com o altar, e consequentemente aquela história não era alheia aos seus ouvidos. O apóstolo delineia seu discurso compreendendo que em todo lugar é trazido ofertas puras, porque o nome do Senhor é grande entre as nações. Desse modo, diz Paulo: “Pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei um altar com essa inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio” (At 17.23). É estarrecedor o fato de muitos adorarem a Deus sem o conhecer. A nós, claro, cabe o prazeroso trabalho de anunciar e celebrar o seu nome.

Quero deixar bem claro que não sou uns dos melhores dos discípulos de Jesus. Ultimamente tenho ficado cara a cara com Paulo pra ver quem é o principal dos pecadores e, portanto, é muito provável que muitas prostitutas e gente que não presta, entre no Reino primeiro do que eu.

Ultimamente tenho andado por aí e me relacionando com várias pessoas, e não é difícil perceber que muitas delas são melhores que os nossos pastores, presbíteros e diáconos; melhores que os nossos profetas e pregadores; mais humanos do que os melhores entre nós. Gente que nunca ouviu falar de Jesus, mas que emana de si a graça porque foi visitado pelo amor do Eterno; nunca ouviu falar do Evangelho, mas é uma boa nova aonde chega. E com isso fica perceptivelmente mais visível o contraste com a arrogância do povo evangélico que diz “nós somos e eles não”. Conhecemos o Deus verdade nominalmente, temos acesso à revelação mais perfeita, mas resolvemos petrificá-la em nossos dogmas; seguimos praticando injustiça em nome do livro sagrado jogando pessoas no inferno à sombra de nossa pretensa sabedoria. É exatamente assim que vamos reduzindo o amor de Deus, da forma mais patética possível, a algum tipo de exclusivismo; nos transformamos em progenitores do pior tipo de presunção.

As coisas não são tão complicadas quanto parece. Para o Evangelho, qualquer ser humano que reflita à luz do amor é nosso irmão, porque "quem ama é nascido de Deus", diz João. Ou seja, o endereço de Deus aqui na terra é onde o amor se materializa. É nesta perspectiva que sigo o meu caminho no Caminho, e encontro a minha Igreja aonde eu encontro bondade, amor e graça.

©2013 Lindiberg Mustang

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[1] Se dependesse de Abraão, Jesus não teria condições nenhuma de ser sacerdote, porque da tribo de Judá saíram vários reis, mas nenhum sacerdote. Nesse caso, quando Jesus se apresenta como o Ungido, o Messias de Deus, faz total sentido em se tratando de sua linhagem judaica.

O espírito da ciência e a Fé cristã

segunda-feira, 22 de outubro de 2012 Postado por Lindiberg Mustang

As descobertas científicas, tecnológicas e biológicas veem crescendo numa proporção muito rápido. O que levava trinta anos para ser evoluído, descoberto ou desenvolvido, hoje, leva menos de um terço desse tempo. Os investimentos são altos e a cada passo que a ciência dá mais perguntas aparecem. O caso mais recente é o descobrimentodo bóson de Higgs, apelidada de “a partícula de Deus”. Esse bóson foi responsável pela formação da massa nos primeiros instantes do Big Bang. Essa descoberta, diz alguns físicos, geram mais perguntas do que respostas, mas também aumenta nossa capacidade de explicar o mundo pela via analítica e racional. As perguntas, por outro lado, é o chama que deixa acesa a motivação para novas embarcações teóricas. Sempre foi assim. Somos seres insaciáveis pelo conhecimento, e nenhuma pergunta pode nos deixar amedrontados.
No princípio da história humana tudo era marcado pelo mistério. Fogo, chuva, colheita, trovões, morte ou até mesmo a conquista de uma guerra. Tudo isso era sustentado pela existência de um ser divino. Com a transição do pensamento mítico para a reflexão racional essas ações foram sendo explicadas de forma mais objetiva como fenômenos naturais; isso nos possibilitou explicar, entender e necessariamente construir toda uma civilização à sombra dessas descobertas.
As religiões, diante de todas as suas complexidades, são constituídas por essa estrutura de uma linguagem mítica. Isso não significa uma contradição com os métodos científicos; são apenas linguagens diferentes. Durante a história assistimos a ciência desmitificar várias questões do qual a religião tratou como verdade absoluta. O exemplo mais notório foram as teorias de Kepler, Copérnico e Galileu que jogava por terra o sistema geocêntrico – que tem a Terra como centro do Universo. Descobertas como essas eram ameaças que minavam a fé de muita gente no século XVI. Descobertas que aparentemente nunca entraram em contradição com a Bíblia.
No século XIX a única galáxia conhecida era a Via Láctea, hoje se estima que exista 100 bilhões delas. Através de métodos muito precisos sabemos a data do nosso planeta (4,5 bilhões de anos), do Universo (13,75 bilhões de anos); conseguimos explorar o espaço e descobrimos muito de suas particularidades. Descobrimos e conseguimos entender a elegante formação de buracos negros revolvido de segredos e distinções. Conseguimos calcular a distância entre o sol e a terra, e quanto de tempo leva para a luz chegarem até aqui. O sol deixou de ser uma figura totêmica e foi reduzida a uma estrela vagabunda de quinta grandeza, que em algum momento no tempo irá se apagar – como qualquer outra estrela no espaço.
E o que dizer do mundo subatômico. O átomo, por exemplo, até o século XIX eram somente indagações filosóficas. Quando Einstein conflitantemente dividiu o átomo (que significa indivisível), a maioria dos físicos do mundo se encheram de perplexidade. Descobriram que o átomo não era mais a menor partícula. O que chamamos de matéria se dissolve através de 17 partículas — quarks, léptons e bósons – que constituem o Universo e três de suas forças fundamentais — exceto a gravidade. Em suma, tudo não passa de poeira cósmica, energia condensada. Não seria exagero dizer que o Universo é a manifestação física da interação de zilhões de partículas submetidas às forças da natureza.
A genética, por sua vez, toma como verdade a Teoria da Evolução, que dá luz e compreensão de como o ser humano se desenvolveu biologicamente através dos milênios. Desde então, vários avanços na medicina e na agricultura tem atingido resultados favoravelmente nobres para a humanidade.
Como conciliar tamanhos desenvolvimentos com a fé cristã? É bem verdade que o discurso científico tem sido questionado por várias correntes religiosas. Vários líderes religiosos ainda não aceitam a descrição cientifica para o desenvolvimento do Universo que começou com o Big Bang. A Teoria da Evolução é vista nos arraiais evangélicos como uma seta do Diabo para enganar os fiéis. Apesar disso todos se beneficiam das vantajosas descobertas de nossa imperfeita ciência: todos usam celulares, micro-ondas, tomam vacinas, fazem transplantes de órgãos e usam variados tipos de medicamentos em seres humanos, animais e até mesmo em plantas. Como muitos pensam a ciência não é um agente para contradizer a Bíblia, esse serviço fica para aqueles ateus birrentos como Richard Dawlkins. A maioria dos que rejeitam as verdades cientificas são aquelas pessoas que ainda fazem uma infantil interpretação literal da Bíblia — particularmente do Gênesis. Mas isso é assunto para outro momento
Minha convicção é de que quanto mais tentamos destrinchar os fenômenos do Universo mais especulações surgirão. E isso de modo algum reduz o espaço da fé. Por isso, ter a ciência como inimiga não seria muito sensato. Einstein, portanto, entendia a religião como uma atividade intuitiva que todo ser humano pode assumir em relação a Deus; assim, dizia ele que a religião sem a ciência é manca, e a ciência sem a religião é cega. Uma completa a outra e ambas são imperfeitas em seus julgamentos. É essa percepção para uma reflexão metafísica da realidade que falta em muitos cientistas atuais. Isso é justamente o que Marcelo Gleiser (notório físico brasileiro) observa entre seus colegas:
Para muitos cientistas, a busca pelos segredos da natureza tem um lado espiritual, algo que o próprio Einstein chamou de “mistério cósmico profundo”, aquilo que não sabemos sobre a realidade que nos cerca.
Por mais que a ciência tenha tido êxito em vários âmbitos, a realidade soa como algo desconhecido ainda. E toda essa faceta tem um ar muito místico. Exemplo disso são os vários elementos inexplicáveis e sem respostas: a gravidade continua sendo uma força divinamente misteriosa. Ela está ai, e é responsável pelo surgimento de estrelas, planetas, buracos negros e nos garante que estejamos sempre no chão, mas ninguém ainda sabe a natureza dessa força observada macroscopicamente. A genética consegue justificar o desenvolvimento da vida e suas várias adaptações, mas não consegue explicar a vida. Como nasceu a primeira célula, o primeiro micróbio, o que existia antes do Big Bang? Todas as respostas levam à existência de um Criador. A ciência não é completa, e sua corrida é para a descoberta de como o Universo funciona. Se um dia descobrirmos, o próximo passo será responder o porquê ele existe. Essa investigação, com certeza é uma busca pelo divino.
Confesso que quanto mais me debruço sobre as particularidades da Criação, mais me deleito e sinto-me pequeno diante de tamanha grandeza. As teorias cientificas tem que ser respeitada e avaliada com a mesma rigidez que a Bíblia (1 tessalonicenses 5.21), pois, se ignoradas por nós, estaríamos nos privando de conceber a quintessência da beleza divina: sua Criação.

©2012 Lindiberg Mustang

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Usar sem abusar

sexta-feira, 10 de agosto de 2012 Postado por Lindiberg Mustang


Uma religião é mais bem definida a partir de suas proibições, pois, a essência da fé para a massa religiosa está nas proibições muito práticas que lhes fornecem por um lado uma identidade e por outro lhes garantem uma recompensa. Partindo desse ponto, creio decididamente que essas proibições nascem no momento em que se cria uma instituição. É muito simples, estabeleça uma instituição em um solo fértil, regue com descomedido empenho para deixa-la em pé e verá brotar rapidamente inúmeras leis, regras, doutrinas, regulamentos, estatutos, métodos, costumes, normas, etc.

É apavorante para os evangélicos imaginar que Jesus foi até o calvário sem deixar nenhuma regra, nenhuma lei e nenhuma letra, nada, pois o que ele deixou, deixou encravado no coração, na alma: “O Reino de Deus está em vós” (Lc 17.20-21). Apesar disso insistimos em constituir proibições como, não toques, não coma, não ouça, não beba, não manuseies, enfim, não entenderam que estas coisas estão fadadas ao desaparecimento pelo uso, porque são baseadas em preceitos e ensinamentos dos homens e que não tem valor algum contra os desejos da carne (Cl 2.16-23).

É evidente que nossa natureza tem certas inclinações para o abuso das coisas. Nós excedemos na comida, no álcool, no sexo e até mesmo no modo como lidamos com a tecnologia. Nossa ganância parece não ter limites, nos fazendo correr atrás insaciavelmente do poder, da grana, ao ponto de nos querer se emancipar da jurisdição de Deus – algo absolutamente impossível. Na pulsão pelo controle, pelo domínio e pela ordem, resolvemos estabelecer regras – o que tornaram as coisas ainda piores. Jesus, em total oposição as instituições, oferecia liberdade e autonomia a aqueles que apreciavam sua mensagem. Não recusou nada, mas também não abusou de nada, comeu e bebeu sem um pingo de culpa, pois para o Nazareno o que contamina não é o que estando fora entra no homem, mas o que sai é o que o contamina. Perguntas como: “por que vocês não decidem por si mesmos o que é certo?” deixavam os apóstolos desnorteados (Lucas 12:57). Esse é o tipo de liberdade que deixa qualquer religioso escandalizado, pois quebra no meio toda ordem eclesiástica, toda autoridade por mais piedosa que seja.

As Escrituras sempre apontam para o equilíbrio; “não vos embriagueis” é o concelho de Paulo. Ou seja, use sem recusar e sem abusar, “pois nada é impuro em si mesmo” (Rm 14.14). Na verdade, diz Paulo, “tudo é puro para os que são puros” (Tt 1.15). Huberto Rohden, com sua grande sapiência nos mostra que a sabedoria se encontra em se colocar diante do mundo sem recusar nada, mas também não excedendo do que ele tem para oferecer:

Recusar é uma preliminar necessária para poder usar corretamente, sem abusar.

O homem profano abusa.

O homem virtuoso recusa.

O homem sábio usa.

O celibato de Gandhi, diz Tagore, é antes budismo que brahmanismo, é mais virtude que sabedoria.

O homem sábio deve ser capaz de usar tudo, sem recusar nada e sem abusar de nada.

Mas... é melhor recusar do que abusar. E quem não é assaz forte para usar sem abusar, faz bem recusar.

Muitos abusam.

Alguns recusam.

Poucos usam.

©2012 Lindiberg Mustang


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Religião, culpa e outras coisas

sábado, 14 de abril de 2012 Postado por Lindiberg Mustang



Considero as instituições religiosas necessárias, mas nenhuma, sagrada — ou eterna. Desconfio piedosamente delas, mas, sobretudo, creio piamente naquilo que Deus instituiu. Ora, para o Nazareno, a Igreja nunca esteve limitada a algum tipo de espaço geográfico, porém, onde estivesse dois ou três em nome dele, ali ele estaria também. E esse ali, não se resume neste ou naquele monte, nem neste ou naquela catedral especifica, porque o que Deus institui, ele estabelece na alma, no coração, simplesmente por que o seu Reino não vem com visível aparência (Lucas 17:20); unicamente por que o seu Império não é comida e nem bebida (Romanos 14:17).
A deficiência das instituições é simplesmente por que elas são instituições, sendo assim, todas elas ambicionam petrificar algo que deveria fluir como um rio. O Novo Testamento não nos dá base para criar algo permanente no âmbito exterior da nossa existência; pois no mundo da experiência e dos fatos, todas as coisas passam por uma sucessão de mudança onde o Espírito trabalha como uma força criativa e dinâmica de vida; diferente das instituições, que na pretensão de perpetuar algo bom, cria um ambiente rígido que paralisa todo movimento criativo da existência.
Consequentemente, a igreja-instituição tem de morrer. “Se o grão de trigo caindo na terra não morrer ele ficará só, mas se ele morrer dará muito fruto”. Muita energia já foi e estão sendo gastas para eternizar o “grão de trigo”, estagnando todas as suas potencialidades. Ora, um elemento com vida cíclica não pode ser perpetuado. O “vinho novo precisa de odres novos”.
O Evangelho não cabe nas maquetes estabelecidas pelas instituições. Nosso compromisso é com o nosso tempo, com os nossos dias. Paulo afirma que Davi serviu sua própria geração segundo a vontade de Deus (Atos 13:36), ou seja, sua genealogia foi perpetuada, mas não as diretrizes seu reino. Vemos que muitas coisas do reinado de Davi foram ignoradas no reinado de Salomão. No Reino inaugurado pela vinda de Cristo também foram rejeitadas várias (se não todas) normas de procedimentos tidas como honrosas do reino de Salomão.
O Evangelho tem um caráter puramente subversivo em relação ao modo institucional da igreja. Jesus derruba todos os lugares-comuns de lideranças hierárquicas, já que para o Nazareno “as autoridades são postas para manter domínio”, porém, entre seus discípulos “não será assim, o maior é aquele que mais serve” (Marcos 10:42-43). Estamos diante de igrejas que querem ser servidas — sem contar nas megalomanias de seus lideres que vivem como se fossem papas protestantes.
Cristo nos instiga a ser livres diante da vida e da existência, todavia, a igreja exclui a liberdade, a poesia e a beleza do Evangelho, restando apenas uma lista com tamanha caduquice, cheia de horários para cumprir e abarrotadas de responsabilidades desinteressantes e cansativas, que na verdade — pasmem — não serve pra nada.
É sempre interessante e sucinto que a igreja use como lubrificante social variadas regras e proibições, e nesse caso é realmente espantoso conceber a liberdade que Cristo nos outorgou. Jesus evitou por completo as armadilhas religiosas e, portanto rasa, de proibição e recompensa. Não gastou um minuto da sua vida ventilando teologia ou reduzindo a ética a uma resposta “sim ou não” para um problema complicado. Era contando historias que ele revelava e apontava o seu Reino. Os ideais de Jesus eram tão ambiciosos que ele não só oferecia liberdade, mas também emancipação e autonomia de escolhas e decisões para cada um de nós: “por que vocês não decidem por si mesmos o que é certo?” pergunta Jesus (Lucas 12:57).
Nenhum autor do Novo Testamento entendeu melhor essa afirmação do que o apóstolo Paulo: “Tudo é puro para os que são puros; mas nada é puro para os impuros” (Tito 1.15), “Por estar unido com o Senhor Jesus, eu estou convencido de que nada é impuro em si mesmo” (Romanos 14.14), “Felizes as pessoas que não se condenam naquilo que aprovam (Romanos 14.23)”. É evidente que essas declarações foram ignoradas sem nenhum peso na consciência ao largo de dois mil anos. E contundentemente Paulo continua:
Portanto, que ninguém faça para vocês leis sobre o que devem comer ou beber, ou sobre os dias santos, Festa da Lua Nova, e o sábado. Tudo isso é apenas uma sombra daquilo que virá; a realidade é Cristo. [...] Vocês morreram com Cristo e por isso estão livres. Então, por que é que vocês estão vivendo como se fossem deste mundo? Não obedeçam mais a regras como estas: “Não toque nesta coisa”, “não prove aquela”, “não pegue naquela”. Todas essas proibições hão de perecer pelo uso. São apenas regras e ensinamentos que as pessoas inventam. De fato, essas regras parecem ser sábias, ao exigirem culto voluntário, falsa humildade e um modo duro de tratar o corpo. Mas tudo isso não tem nenhum valor para controlar as paixões da carne (Colossenses 2.16-23).
O que Paulo está fazendo é lutando efetivamente contra a institucionalização do Evangelho, contra o “trafico da religião” que é o negócio mais rentável do mundo, estando na frente do álcool, da maconha e da cocaína, por exemplo. Desse modo, as instituições trabalham com o débito, com o medo e com a culpa. Com a ausência de débitos, as instituições não tem como sobreviver. A moral controlada pelas religiões deixam numa invariável dívida com Deus, ou com as instituições que o representa, pois são transgredidas constantemente. E isso nos leva à culpa, e a culpa nos leva a vontade de se purificar.
Assim, as autoridades religiosas ou a própria religião é (aparentemente) uma autoridade superior que se obedece não porque ordene o que é “melhor”, mas simplesmente porque ordena, entretanto, questioná-la já é uma imoralidade. É o medo perante essa “inteligência” superior que ordena, que nos leva a agir de cabeça baixa sem o menor senso crítico.
Jesus de Nazaré desmantela todos esses trâmites nos absorvendo incondicionalmente, de forma totalmente integral e — por incrível que pareça — gratuito. Todos esses padrões de débitos, culpas e medo é naufragado no mar da graça. O anúncio de Jesus apresenta a disponibilidade de absorção universal de débitos, culpas e medo. Esse anúncio desfere pancadas não só em instituições religiosas, mas também a qualquer sistema politico ou econômico estabelecido.
Agora entenda uma coisa; você não deve mais nada, tudo já foi pago. Esqueça os ritos, os dogmas, as proibições, as regras, as campanhas, as recompensas, os castigos e todas as ilusões que essas coisas trazem — ou seja, a dívida, a culpa e o medo.
Consegue viver com tamanha liberdade distraído leitor?

©2012 Lindiberg de Oliveira
Leia também:
O poder de quem abriu mão do poder
A religião de Jesus

Deus não instituiu instituições

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012 Postado por Lindiberg Mustang
Parece-me indiscutível o fato do movimento evangélico ter mal compreendido a mensagem de Jesus. A questão não é que o Nazareno deixou uma mensagem secreta cujo devemos decifrar o seu verdadeiro significado. Definitivamente não. A mensagem do Evangelho está alicerçada numa simplicidade singular, mas apesar disso, nós insistimos metodicamente em complica-la.
É assombroso para evangélicos de toda estirpe imaginar que Jesus foi até o calvário sem deixar nenhuma regra, nenhuma lei e nenhuma letra. Liberdade e autonomia eram o que ele sugeria em todo momento. Andava semeando vida e amor numa terra que minava sangue, não se rebaixando em nenhuma ocasião pregar à sombra de um cativeiro religioso do qual a graça nos viera libertar.
Não repousou seu discurso no interior isolado de quatro paredes. Ou seja, o ponto de encontro que Jesus obtinha para semear suas palavras eram lugares longe das muralhas institucionais, como uma praia, um campo, uma montanha, um barco; era na beira de um poço, numa festa ou em um jantar, sem compromisso com protocolos ou burocracias religiosas.
É constrangedor e significativo o fato de Jesus ter edificado sua Igreja e ao longo dos séculos os homens terem feito dela uma máquina burocrática celestial. Ora, Jesus pronunciou a palavra igreja apenas duas vezes, e em nenhuma das duas se referia ao que observamos hoje: prédios bem ornamentados e em sua maioria cheias de pessoas vazias. O que era para ser um ambiente em que a graça era pra ser derramada; onde as diferenças eram para ser apreciadas como diversidades simbolicamente divinas, se tornou um espaço geográfico com uma estrutura física onde Deus só tem poder naquela atmosfera. Um Deus tão limitado que só ali consegue se manifestar. A graça é totalmente anulada nesses recintos dando lugar a uma teologia de “causa e efeito”, onde o que vale é obedecer as regras para se obter recompensas. Assim, o nome de Jesus se associa às praticas mais infantis, bizarras e esquizofrênicas imagináveis.
As iniciativas humanas tendem sempre à institucionalização, e é nesse ponto que a graça emanada do Filho do Homem começa a ter um preço. Na pulsão incansável pela mumificação das tradições, a igreja segue coagindo qualquer tipo de liberdade e desenvolvimento que possa existir dentro de seu arcabouço. Na luta pela conservação de práticas, doutrinas e dogmas totalmente rudimentares, a igreja abraça a cada dia processos de engessamento onde vale mais o cumprimento das leis do que a preservação das pessoas. É nessa brincadeira que a igreja acaba se tornado uma unidade rígida, passadista, contornada por ares sagrados.
Em outro estremo, as igrejas neopentecostais se descobrem prestando culto a uma “evolução”, varrendo a tradição em benefício de uma visão renovada. Nessa esfera a igreja se torna uma árvore sem raiz, um tronco podre que garante o surgimento de elementos modernos no culto, que confunde entretenimento com espiritualidade, magia com milagres e pregação com espetáculo. Tanto uma como a outra são manifestações prejudiciais de instituições falidas. Não há meio termo nesse negócio.
Para haver equilíbrio nisso tudo temos que ser tomados pelo Espírito de revolução do Evangelho. Ora, a revolução está em colocar de cabeça para baixo toda ordem engessada pela instituição. Jesus, o mais místico de todos os homens, percorreu seu caminho sob a escandalosa ótica de ir além das conquistas sólidas do passado (a Lei e os Profetas). Ultrapassando as bases da tradição, Jesus estende as mãos para realidades futuras, transpõe essa mera organização mecânica e racionalista da religião.
A religião seduz por tentar promover uma ordem racional, onde cessam os questionamentos com convicções inflexíveis; Deus é normatizado através de realidades humanas, para que possamos nos sentir confortáveis diante de seu poder. Essa é a fracassada tentativa de produzir na religião uma unidade racional, assim como um triângulo ou um círculo que possuem rigorosa unidade geométrica. Mas para Jesus e seus apóstolos, a Igreja produz outro tipo de unidade, uma unidade orgânica, onde as variedades das suas partes não destrói a unidade do seu todo. Paulo compara a Igreja a um corpo em que cada individualidade vive e convive harmonicamente dando sentido a sua forma total.
Na tendência de perpetuar o que começou como medida provisória — e isso na melhor das intenções —, paredes foram levantadas e leis escritas com tintas indeléveis, fazendo com que a religião se tornasse nosso chão, base pra tudo que fazemos, falamos, deixamos de falar ou fazer. Aprendemos a amar quem nos ama, ser indiferente com os que nos odeiam e separar nossos amigos de acordo com as crenças que apresentam. Dessa forma, as igrejas deixam pegadas que têm muito a ver com projeto de Cristo, pois não anunciam o Reino, não divulgam o Evangelho, apenas esbravejam o anúncio de si mesmas, fazendo os discursos de Jesus — principalmente sobre prostitutas entrarem no Reino primeiro que nós — perderem todo sentido.
Lutero, Kierkegaard e Nietzsche, foram profetas que denunciaram veementemente o tradicionalismo irredutível promovido pela igreja, sendo considerados abusados e rebeldes que torciam seus narigões para as instituições. Entenderam que o dogmatismo é a voz da inércia e do menor esforço moral, porquanto é cômodo aceitar uma religião estática, já devidamente cristalizada em formas concretas e geometricamente racionais.
O Reino, permanente e absoluto, não se encontra do lado de fora, não pode ser sintetizado num templo, num púlpito ou em ajuntamentos de pessoas; ídolos, rituais, liturgias, sacrifícios e penitências são apenas expressões de uma espiritualidade ainda nublada que busca segurança, respostas e promessas de um Deus ainda distante. Claro que há certa beleza em tudo isso. Mas é uma estética que aponta para algo superior, que marca um anseio da alma pelo Eterno. E o Eterno só pode ser encontrado numa viajem para dentro de si mesmo, pois é dentro de cada homem que se encontra o reino de Deus.
“O reino de Deus está dentro de vós”. Isso significa que este reino está além das intervenções religiosas e à frente dos truques da mente. Isso significa que Deus instituiu seu reino dentro de cada vaso de carne existente no mundo. Abraçar este reino é se deixar conduzir pelo seu governante; então ele tem uma maneira impressionante de cuidar de você, levando-o para onde ele quer, porque você é parte dele.
©2012 Lindiberg de Oliveira